Tecnologia amplia
acessibilidade para deficientes auditivos e visuais
Na ausência de algum sentido, a tecnologia pode
ajudar - e muito - a vida cotidiana de pessoas com deficiência. Confira alguns
recursos disponíveis
A maioria das pessoas não tem ideia
da diferença que pequenas ajudas podem fazer no dia a dia. Quem sabe disso
melhor do que ninguém são as pessoas com deficiência. Com praticamente todas as
mídias voltadas para quem tem todos os sentidos em perfeito funcionamento, a
vida de deficientes auditivos e visuais pode se tornar bastante complicada.
Mas, aos poucos, especialistas conseguem diminuir a distância entre aparelhos
eletrônicos e esse público.
Hoje, várias tecnologias e técnicas
disponíveis buscam permitir a utilização de eletrônicos por deficientes. Uma
das mais importantes delas, a audiodescrição, tornaria a TV mais acessível aos
cerca de 16 milhões de deficientes visuais do Brasil. No entanto, ela ainda
caminha a passos lentos no país.
Esse auxílio é feito por um
profissional que descreve verbalmente o que acontece na cena, sem sobrepor as
falas. A voz é transmitida por um canal de áudio exclusivo que as TVs
analógicas não suportam. Para ter acesso ao recurso, é preciso ter TV digital.
A
portaria 188/10 do Ministério das Comunicações estabelece uma cota progressiva
de audiodescrição nos programas de TV. No momento, as TVs abertas estão
obrigadas a transmitir apenas duas horas semanais de audiodescrição entre 6h e
2h da manhã. E o futuro não parece muito melhor. A regra chega ao seu auge em
2020, quando apenas 20 horas semanais de programação audiodescrita serão
obrigatórias para as concessionárias. No cinema e no teatro não há
obrigatoriedade, o que torna o auxílio ainda mais escasso.
Outro recurso muito útil e mais popularizado é
o de closed captions, ou legenda oculta, que podem ser lidas por surdos. No
entanto, surdos-mudos, que não podem ser completamente alfabetizados em
português, dependem da linguagem de sinais, mais conhecida como Libras (Língua
Brasileira de Sinais).
Antonio Borges, professor do
Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ que trabalha no desenvolvimento de
softwares para deficientes, critica a pouca abrangência da audiodescrição, dada
sua importância para quem tem problemas para enxergar. “Quando se está
assistindo a um espetáculo, a pessoa é apresentada a elementos visuais. A cena
pode estar em silêncio, mas há coisas acontecendo visualmente. Os deficientes
perdem esses detalhes. A pessoa pode até deixar de entender o enredo por causa
disso”, afirma.
Em teatros, a audiodescrição
funciona de forma semelhante a uma palestra com tradução simultânea, em que o
participante recebe um rádio especial na entrada e ouve as informações
transmitidas ao vivo por um profissional especializado. No Brasil, poucas casas
oferecem o recurso.
Para os surdos a necessidade é
outra, e as soluções também. Pode-se adotar um sistema de legendas semelhante
às closed captions, ou recorrer ao intérprete de Libras, mais adequado para
surdos de nascimento. A audiodescritora Graciela Pozzobon lamenta a pouca
abrangência dos sistemas.
“Na maioria dos locais a
audiodescrição existe por iniciativas pontuais da produção, não do espaço
cultural, o que é uma pena”, diz. Para Graciela, é fundamental para o acesso de
deficientes garantir que as casas de espetáculos ofereçam a audiodescrição e a
interpretação em Libras como padrão.
Além de TV e teatro, hoje
também já se trabalha para que deficientes visuais possam usar smartphones.
Antes, com as teclas físicas e o sinal em relevo no número 5, cegos podiam usar
telefones com certa facilidade, mas os celulares touch complicaram as coisas.
Hoje, Claudinei Martins coordena o Projeto VozMóvel do CPqD (Centro de Pesquisa
e Desenvolvimento em Telecomunicações) comenta que tarefas simples podem ser um
tormento para deficientes, como saber o nível de carga da dp celular.
“Eles ficavam com os
celulares ligados na energia por medo de ficar sem bateria”, comenta Martins. O
software que ele e sua equipe desenvolvem é um aplicativo para sistemas
Android, que, segundo ele, pode ser aprendido rapidamente pelo usuário. Na tela
inicial, com apenas um toque, o deficiente visual pode ligar, acessar histórico
de chamadas, contatos, mandar mensagem de texto, saber data e hora e verificar
níveis de sinal e bateria. Ainda em testes, o produto deve ser lançado no fim
do ano.
Fonte: http://glo.bo/13szMq2